AS
POLITICAS DE REMOÇÃO DE "POPULAÇÕES URBANAS" NO CONTEXTO DA
GLOBALIZAÇÃO, SÃO A EXPRESSÃO DE DISPUTAS DE TERRITÓRIO ENTRE RICOS
E POBRES, OU REPRESENTAM O ÁPICE DO BEM-ESTAR SOCIAL?
A segmentação sócio - espacial e a fragmentação do espaço urbano, são formas de
apropriação, separação, exclusão e classificação social no contexto da
modernidade – pós modernidade. Este processo, faz parte da extensão, da
expansão e do crescimento das cidades que, levam o comércio e os setores
privados, a expulsão “legal” via estado, de moradores de algumas áreas
urbanas, para a extensão de negócios ou para a valorização de
propriedades. Portanto, há pessoas envolvidas em competição de território dando
espaço para a segregação espacial de determinados grupos, raça, etnia ou classe
social. Aí está efetivamente a origem dos guetos também chamados de morros,
favelas ou barrocas, como uma consequência da apropriação do espaço urbano por
grupos sociais diferenciados, prática recorrente nos países em desenvolvimento,
também chamados de países emergentes. Essa apropriação ocorre a partir das
relações de poder econômico desses indivíduos ou setores, que é o universo
definidor da renda, do lucro, da produção e da configuração do domicílio das
famílias em todo o mundo. Porém, o mercado de trabalho, no capitalismo liberal,
define a renda do trabalhador a partir de suas habilidades adquiridas no
universo educacional / profissional, e em alguns casos, consideram-se também as
características " naturais" desses indivíduos. O processo de remoção
dessas populações, ocorre a partir de uma aliança entre o estado e os setores
privados, essencialmente o setor imobiliário. A partir dessa relação, se
consolidam as representações simbólicas das populações que habitam essas áreas,
dando a elas um sentido negativo com carácter perjorativo que passa a
vigorar para a consolidação dessas políticas. È a partir desses mecanismos que
são construídos os discursos representativos para a legitimidade deste
processo, que tem como pano de fundo, não essencialmente a solução de um
problema local, mas, a implementação de um projeto global que em tese
está relacionado com o capitalismo liberal no contexto da pós
modernidade, que possuí a lógica do lucro, de transformar todas as cidades em
grandes empresas tendo como fetiche, a transformação dessas cidades em cidades
modelo do desenvolvimento. Dessa maneira elas ganham as condições necessárias
para receber os investimentos privados nacionais e estrangeiros e promover a
livre circulação de turistas de todas as partes do planeta. Porém nem sempre o
projeto satisfaz as necessidades das populações locais, que são prejudicadas
pela expansão do capitalismo liberal, sob o princípio da transformação do
espaço e da habitação em mercadoria. Este princípio,está intrinsecamente ligado
a outras três questões sociais que são: A propriedade privada / a moradia / e o
consumo. A propriedade privada é, sustentada pela reprodução do capital; a
moradia pelo fato de ser uma mercadoria valiosa e cara; e a cidade como um
lugar de alto consumo, que pressupõe privilégio de um público específico, que
são as elites que nela residem e os turistas que a frequentam. Nesse sentido,
as cidades ganham um caráter mercadológico, um núcleo para a extração de lucro,
perdendo sua utilidade original de uso (lugar de moradia e de lazer para
todos). Conclui-se que nesse fenômeno global, podemos identificar a existência
de classes antagônicas no contexto das cidades modernas, disputando espaços
territoriais entre si. Em síntese, as cidades são marcadas por desigualdades
sociais e econômicas, pela diversidade, considerando a existência de mansões,
cortiços, favelas ou barrocas lado a lado. Essa diversidade, expõe uma relação
direta entre espaço, tempo e fator histórico - cultural, que se apresentam na
configuração de novos espaços e no surgimento de novas cidades. Em tese, quando
essas políticas não são implementadas de uma maneira objetiva considerando os
interesses das partes envolvidas no processo, tendem a assemelhar as classes
econômicas, que são os detentores do capital e que comandam a economia como um
todo, e as classes mais pobres entre si, aprofundando as diferenças entre as
elites e a população mais pobre da sociedade.
AUTOR:
Manuel Diogo ( Sociólogo Graduado e Licenciado pela Universidade Federal do Rio
de janeiro e Pós – Graduando pela Universidade Gama Filho, pesquisador sobre
políticas Educacionais e sobre os processos de Urbanização das cidades)
Bibliografia:
ZYGMUNT
BAUMAN, (MODERNIDADE LÍQUIDA 2001)
ZYGMUNT
BAUMAN (VIDAS DESPERDIÇADAS 2005)
LICIA DO
PRADO VALADARES (A INVENÇÃO DA FAVELA - DO MITO DE ORIGEM À FAVELA .COM 2005)
ALBA ZALUAR & MARCOS ALVITO ( UM SÉCULO DE
FAVELA 1998)
ANDREW GUNDER FRANK &CEPAL & LUIZ PEREIRA
& GINO GERMANI & JORGE GRACIARENA (URBANIZAÇÃO E SUBDESENVOLVIMENTO 2007)
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