quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013






AS POLITICAS DE  REMOÇÃO DE "POPULAÇÕES URBANAS" NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO,  SÃO A EXPRESSÃO DE  DISPUTAS DE TERRITÓRIO ENTRE RICOS E POBRES, OU REPRESENTAM O ÁPICE DO BEM-ESTAR SOCIAL?

     A segmentação sócio - espacial e a fragmentação do espaço urbano, são formas de apropriação, separação, exclusão e classificação social no contexto da modernidade – pós modernidade. Este processo, faz parte da extensão, da expansão e do crescimento das cidades que, levam o comércio e os setores privados, a expulsão “legal” via estado, de moradores de algumas áreas urbanas,  para a extensão de negócios ou para a valorização de propriedades. Portanto, há pessoas envolvidas em competição de território dando espaço para a segregação espacial de determinados grupos, raça, etnia ou classe social. Aí está efetivamente a origem dos guetos também chamados de morros, favelas ou barrocas, como uma consequência da apropriação do espaço urbano por grupos sociais diferenciados, prática recorrente nos países em desenvolvimento, também chamados de países emergentes. Essa apropriação ocorre a partir das relações de poder econômico desses indivíduos ou setores, que é o universo definidor da renda, do lucro, da produção e da configuração do domicílio das famílias em todo o mundo. Porém, o mercado de trabalho, no capitalismo liberal, define a renda do trabalhador a partir de suas habilidades adquiridas no universo educacional / profissional, e em alguns casos, consideram-se também as características " naturais" desses indivíduos. O processo de remoção dessas populações, ocorre a partir de uma aliança entre o estado e os setores privados, essencialmente o setor imobiliário. A partir dessa relação, se consolidam as representações simbólicas das populações que habitam essas áreas, dando a elas um sentido  negativo com carácter perjorativo que passa a vigorar para a consolidação dessas políticas. È a partir desses mecanismos que são construídos os discursos representativos para a legitimidade deste processo, que tem como pano de fundo, não essencialmente a solução de um problema local, mas, a implementação de um projeto global que em tese está  relacionado com o capitalismo liberal no contexto da pós modernidade, que possuí a lógica do lucro, de transformar todas as cidades em grandes empresas tendo como fetiche, a transformação dessas cidades em cidades modelo do desenvolvimento. Dessa maneira elas ganham as condições necessárias para receber os investimentos privados nacionais e estrangeiros e promover a livre circulação de turistas de todas as partes do planeta. Porém nem sempre o projeto satisfaz as necessidades das populações locais, que são prejudicadas pela expansão do capitalismo liberal, sob o princípio da transformação do espaço e da habitação em mercadoria. Este princípio,está intrinsecamente ligado a outras três questões sociais que são: A propriedade privada / a moradia / e o consumo. A propriedade privada é, sustentada pela reprodução do capital; a moradia pelo fato de ser uma mercadoria valiosa e cara; e a cidade como um lugar de alto consumo, que pressupõe privilégio de um público específico, que são as elites que nela residem e os turistas que a frequentam. Nesse sentido, as cidades ganham um caráter mercadológico, um núcleo para a extração de lucro, perdendo sua utilidade original de uso (lugar de moradia e de lazer para todos). Conclui-se que nesse fenômeno global, podemos identificar a existência de classes antagônicas no contexto das cidades modernas, disputando espaços territoriais entre si. Em síntese, as cidades são marcadas por desigualdades sociais e econômicas, pela diversidade, considerando a existência de mansões, cortiços, favelas ou barrocas lado a lado. Essa diversidade, expõe uma relação direta entre espaço, tempo e fator histórico - cultural, que se apresentam na configuração de novos espaços e no surgimento de novas cidades. Em tese, quando essas políticas não são implementadas de uma maneira objetiva considerando os interesses das partes envolvidas no processo, tendem a assemelhar as classes econômicas, que são os detentores do capital e que comandam a economia como um todo, e as classes mais pobres entre si, aprofundando as diferenças entre as elites e a população mais pobre da sociedade.

AUTOR: Manuel Diogo ( Sociólogo Graduado e Licenciado pela Universidade Federal do Rio de janeiro e Pós – Graduando pela Universidade Gama Filho, pesquisador sobre políticas Educacionais e sobre os processos de Urbanização das cidades)

Bibliografia:

ZYGMUNT BAUMAN, (MODERNIDADE LÍQUIDA 2001)

ZYGMUNT BAUMAN (VIDAS DESPERDIÇADAS 2005)

LICIA DO PRADO VALADARES (A INVENÇÃO DA FAVELA - DO MITO DE ORIGEM À FAVELA .COM 2005)

ALBA ZALUAR & MARCOS ALVITO ( UM SÉCULO DE FAVELA 1998)             

ANDREW GUNDER FRANK &CEPAL & LUIZ PEREIRA & GINO GERMANI & JORGE GRACIARENA  (URBANIZAÇÃO E SUBDESENVOLVIMENTO 2007)

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